Quatro mulheres falam sobre o exercício da maternidade e sua plenitude –
até mesmo na linha de frente no combate ao COVID-19

Não se pode padronizar a jornada da maternidade – ela é uma experiência muito pessoal, singular para cada mulher. Cada mãe a inicia em uma fase diferente da vida e possui múltiplos pensamentos sobre o futuro, mas, no fundo, todas as dúvidas giram em torno de algo em comum: a responsabilidade de conceber uma vida. Junto com o prazer das relações e com a forma mais pura de doar-se ao outro, a maternidade também traz consigo incertezas, questionamentos e um novo olhar sobre si.

Gerar e cuidar de um filho exige o exercício contínuo da paciência, da resiliência, da ressignificação. É necessário se transformar e, muitas vezes, romper ideais romantizados. Se por um lado a maternidade faz descobrir um amor desmedido, por outro ela envolve dores, abdicações e impulsiona sentimentos talvez ainda não vivenciados.

É um caminhar de autoconhecimento e de autopercepção.

“É viver em dúvida. Perguntar a si mesma se você está sendo a sua melhor versão para dar o exemplo” define a profissional de Relações Públicas e coordenadora de Relacionamento da PrevNordeste, Mariana Dantas (33). Ela conta que, embora se questione muito a respeito disso, todo o processo de reconhecer as falhas e tentar melhorar acontece de forma na tural – e que isso também se reflete em suas duas filhas, Stella (14) e Yasmin (11).

“O tempo todo estamos nos conhecendo e mudando, até porque não existem fases com períodos especificamente determinados. De repente, elas começam a agir e pensar de outra forma e, juntas, precisamos nos adequar a esses novos ciclos. Somos pessoas diferentes e é essencial que eu entenda isso enquanto mãe. As experiências não me tornam experiente”, considera.

Existe certo ou errado?

As transformações pessoais e nas relações com os filhos mostram que não há um roteiro para a maternidade. “Como ser mãe” é uma descoberta que flui dia após dia, com tentativas, acertos e erros. Ser mãe propõe reconhecer que não existe a certeza e a sabedoria total a respeito de si e do outro – e que está tudo bem com isso. Não existe a perfeição. É um aprendizado contínuo.

Descontruir para reconstruir faz parte da trajetória desde a gravidez. Na vivência da procuradora do Estado e Participante da PrevNordeste, Janaína Bittencourt (43), o script que ela havia imaginado caiu por terra logo após a faculdade. “

Eu engravidei pela primeira vez aos 25 anos, recém-formada, sendo que na minha cabeça eu imaginava ser mãe só depois de ter uma estabilidade financeira. Precisei reajustar meus projetos e, se não fosse por Renato (18), talvez eu não tivesse alcançado tudo o que desejei. Ele foi a minha grande motivação”.

Com um ideal de maternidade baseado naquele exercido por sua própria mãe, Janaína se deu conta de que o modelo precisava ser flexibilizado, especialmente depois do nascimento de Letícia (11) e Mateus (8).

“O que funcionou entre mim e minha mãe não significa que funciona entre mim e eles. Durante o crescimento dos meus três filhos entendi que preciso captar os sinais de cada um para me moldar ao que eles demandam. A maternidade parte deles pra mim”, ressalta.

E a opinião alheia?

Mesmo não havendo um manual, é muito comum as pessoas terem um “conselho” sobre como criar um filho. As opiniões vão desde a roupa que a criança veste até a panela em que a comida dela é preparada. Mariana e Janaína enfrentaram tais situações com perfis opostos – um mais combativo e outro mais sereno, respectivamente.

Já a cirurgiã cardíaca pediátrica, Amanda Gabas (29), garante que em nenhum momento da gestação de Manuela (2 meses) se deixou afetar por essas situações. “São muitos comentários desnecessários. Toda mãe precisa filtrar o que vem de fora, mesmo que isso não seja fácil. Eu respondia ao que não me agradava e acho que vou continuar agindo assim à medida em que a minha filha for crescendo”.

Maternidade e profissão em tempos de pandemia

Com a disseminação do novo Coronavírus, a modalidade de home office foi adotada em muitas empresas, o que permitiu algumas mães conciliarem trabalho com os cuidados com os filhos. No entanto, para as mães que atuam na área da saúde, o impacto da pandemia tem afetado a rotina de formas diferentes.

“No início disso tudo eu sabia que Manuela dependia completamente de mim e que eu precisava estar em casa por ela, mas a vontade de ajudar as pessoas e de me sentir útil como médica era muito forte”, afirma Amanda. Impulsionada por esse desejo, ela conta que retomou os plantões muito cedo e que, muito em breve, irá retornar às salas de cirurgia, mesmo com o coração apertado por ter que se separar da pequena Manu.

Já a médica clínica geral, Joana Valverde (36), está vivendo uma realidade bastante diferente. Atuante na linha de frente ao combate da Covid-19, ela precisou tomar uma decisão difícil para proteger a família.

“Decidi sair de casa quando notei o aumento significativo de pacientes que chegavam ao hospital. A minha exposição ficou muito elevada e a chance de me contaminar também. Expliquei a situação para a minha filha com muita clareza e disse que seria por pouco tempo. Choramos muito. Senti o sofrimento dela, mas entendo a minha responsabilidade enquanto médica e exerço a profissão da maneira mais plena. Isso não diminui o amor que tenho por Valentina (7) e nem tampouco a coloca em segundo plano”, conta.

Recadinho

O que se pode afirmar sobre a maternidade, é que ela propõe incontáveis desafios e que aflora sensações inexplicáveis. Não há como descrever a emoção de ver um filho pela primeira vez. As mães se doam, se entregam, dão o melhor de si sem esperar retorno. Concebem o milagre da vida e acompanham cada passo desse desenvolvimento. Também voltam o olhar para si, para os seus gostos e desejos, encontrando sempre que possível um tempo para nutrir suas essências.

“Para as mães que estão começando agora, eu digo: não vai existir ninguém nem pior e nem melhor do que vocês para essa missão. Não vai ter certo ou errado. O que vai valer é o esforço que vocês farão por seus filhos”, diz Mariana Dantas.

“Olhem para os seus filhos e validem o instinto que vocês têm sobre o que é bom para eles, sem culpa, porque errar todo mundo erra. Vocês serão as mães que os seus filhos precisarem que vocês sejam”, aconselha Janaína Bittencourt.

“Não existe amor maior que esse. Estamos vivendo momentos difíceis, mas vai passar. Precisamos pensar positivo. Nossos filhos vão crescer em um mundo melhor”, acredita Amanda Gabas.

“Sejam as melhores mães que vocês possam ser, o que não significa que devam ser iguais umas às outras. Tenham consciência das suas humanidades, seus limites, dos seus desejos. Sejam intuitivas, eduquem com simplicidade, repassem valores reais. Sejam exemplos, sem a pretensão de serem heroínas. Sejam fontes inesgotáveis de amor. Sejam base sólida e construam relações verdadeiras”, transmite Joana Valverde.

Neste Dia das Mães, a PrevNordeste deseja muito amor e muita alegria à todas as mulheres que se dedicam a escrever essa história. Cada vivência é única. Desejamos um caminho repleto de felicidade e união. Assista abaixo ao nosso vídeo em homenagem à data. Feliz Dia das Mães!

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